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ESG NO SETOR DE GESTÃO DE RESÍDUOS

Um resumo de tópicos materiais e indicadores ESG para empresas do setor de GESTÃO DE RESÍDUOS.

A indústria de Gestão de Resíduos inclui empresas que coletam, armazenam, descartam, reciclam ou tratam vários tipos de resíduos residenciais, comerciais e industriais. Os tipos de resíduos incluem resíduos sólidos urbanos, resíduos perigosos, materiais recicláveis e materiais compostáveis ou orgânicos. Grandes empresas são comumente integradas verticalmente, fornecendo uma gama de serviços desde a coleta de resíduos até o aterro e reciclagem, enquanto outras fornecem serviços especializados, como tratamento de resíduos médicos e industriais. As operações de transformação de resíduos em energia por meio da incineração são um segmento distinto da indústria. Alguns players do setor também fornecem serviços de engenharia e consultoria ambiental, principalmente para grandes clientes industriais.

De acordo com norma SASB WASTE MANAGEMENT – Sustainability Accounting Standard, de outubro de 2018, os temas relacionados a ESG de materialidade financeira a serem gerenciados e reportados para este setor são elencados na tabela abaixo:

Considerando o impacto financeiro e o direcionamento desta norma ao público de investidores, os temas acima foram elencados como os de maior interesse para avaliação, estabelecimento de políticas, indicadores, metas e acompanhamento. São temas críticos do ponto de vista de geração de riscos e oportunidades para essa indústria.

Neste artigo, detalhamos um pouco mais sobre cada tema e indicadores relacionados para que possa ser entendida a escolha e importância destes assuntos. Obviamente que a gestão relacionada a ESG pode partir de uma análise mais ampla de públicos, interesses e objetivos, resultando em uma maior quantidade de temas e indicadores do que os elencados aqui. No entanto, o objetivo não é fazer uma análise exaustiva, mas um resumo para se ter em mente quando se avalia o valor de uma empresa desse setor a curto, médio e longo prazo.

1) MEIO AMBIENTE

> Emissão de gases de efeito estufa

Este é um tópico especialmente importante para empresas que operam aterros sanitários e incineradores.

O gás proveniente de aterros é um contribuinte antropogênico significativo para as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), porque contém metano, que possui um alto potencial de aquecimento global, cerca de 21 vezes maior que o CO2. Como resultado, o gás de aterro frequentemente precisa ser limitado pelos reguladores. Essas emissões podem ser reduzidas por meio de uma variedade de tecnologias de controle que exigem gastos de capital significativos: melhorias na eficiência da coleta de gás de aterro, dispositivos de controle e maior oxidação do metano.

O metano coletado por meio de sistemas de captura pode ser queimado em um queimador, um motor ou uma turbina para reduzir drasticamente a toxicidade geral e a potência das emissões brutas. A captura de gás de aterro é particularmente importante para proprietários e operadores de grandes aterros sanitários que são alvo de regulamentação.

As empresas que operam no segmento de conversão de resíduos em energia (ou incineração) neste setor são capazes de reduzir as emissões do ciclo de vida dos resíduos por meio da diminuição das emissões futuras de aterros sanitários e da geração de energia, mas enfrentam um aumento das emissões diretas (Escopo 1) provenientes da operação de suas instalações.

No geral, as emissões de GEE representam riscos regulatórios para o setor, com impactos potenciais nos custos operacionais e nas despesas de capital. Há também o potencial de geração de receita por meio da venda de gás natural e energia de instalações de incineração, bem como a capacidade de reduzir as compras de combustível usando gás de aterro processado para alimentar as operações.

O desempenho nessa questão pode afetar a capacidade de uma empresa de obter novas licenças e/ou renovar as existentes, o que pode afetar sua receita.

A gestão e reporte de indicadores devem contemplar, no mínimo:

(1) emissões diretas (Escopo 1) e porcentagem coberta por (2) regulação limitante e (3) regulação para reporte;

(4) total de gás de aterro gerado, (5) porcentagem queimada, (6) porcentagem utilizada para geração de energia;

(7) discussão de longo e curto prazo sobre a estratégia para gerenciar as emissões diretas (Escopo 1) e emissões de ciclo de vida dos resíduos; metas de redução e uma análise de desempenho em relação a essas metas.

> Gestão de combustíveis da frota de veículos

Muitas empresas do setor de gerenciamento de resíduos possuem e operam grandes frotas de veículos para coleta, transferência e movimentação de resíduos. O consumo de combustível das frotas de veículos é uma despesa significativa do setor, tanto em termos de custos operacionais quanto de gastos de capital associados.

O consumo de combustíveis fósseis pode contribuir para impactos ambientais, incluindo mudanças climáticas e poluição. Esses impactos ambientais têm o potencial de afetar as empresas de gerenciamento de resíduos por meio da exposição regulatória e da competitividade para novas propostas de contratação.

Ter uma estratégia de hedge para compras de combustível é uma ferramenta comum usada para gerenciar os riscos de abastecimento da frota; no entanto, cada vez mais empresas de gerenciamento de resíduos estão se atualizando com frotas mais eficientes em termos de combustível ou mudando para veículos a gás natural.

Uma frota com queima mais limpa também pode ser vista de forma mais favorável por comunidades que vivem perto de instalações de gerenciamento de resíduos com tráfego intenso.

Indicadores essenciais para este tópico seriam:

(1) Volume de combustível consumido pela frota, (2) percentual de gás natural, (3) porcentagem renovável;

(4) Porcentagem de veículos da frota movidos a combustíveis alternativos.

> Qualidade do ar

A poluição do ar é a presença de contaminantes atmosféricos em quantidades e duração que podem ser prejudiciais para os seres humanos, animais, plantas e/ou propriedades. Também inclui contaminantes que interferem no lazer ou e/ou aproveitamento de uma propriedade. Portanto, odores e gases tóxicos, como os emitidos por aterros sanitários, queima de resíduos ou gases em aterros sanitários, incineradores de resíduos e estações de tratamento de resíduos, são considerados poluição do ar.

Os impactos financeiros das emissões atmosféricas excessivas variam dependendo da localização específica das operações e dos regulamentos de emissões atmosféricas vigentes, mas podem incluir gastos de capital, aumento dos custos operacionais, multas e ações judiciais das comunidades afetadas. Os impactos na saúde humana e as consequências financeiras da má gestão da qualidade do ar provavelmente serão proporcionais à proximidade das instalações de gerenciamento de resíduos das comunidades.

O gerenciamento ativo de poluentes atmosféricos e odores – por meio de melhorias tecnológicas e de processo – pode, portanto, mitigar a exposição regulatória e os custos futuros associados à conformidade de regulamentos cada vez mais rigorosos de qualidade do ar, ajudar as empresas a garantir e manter licenças e proteger sua licença para operar.

Os indicadores a serem reportados e gerenciados devem incluir ao menos emissões atmosféricas dos seguintes poluentes:

(1) NOx (excluindo N2O), (2) SOx, (3) compostos orgânicos voláteis (VOCs ou COVs) (4) poluentes atmosféricos perigosos (HAPs);

(5) Número de instalações localizadas em/ou próximas de áreas de alta densidade populacional.

(6) Número de casos de não conformidade associados a emissões atmosféricas.

> Gestão de Resíduos: Lixiviados e Resíduos Perigosos

As empresas deste setor, principalmente as que operam aterros sanitários, são obrigadas a gerenciar e reduzir os riscos de possíveis impactos ecológicos causados por lixiviados e resíduos perigosos. A má gestão de aterros sanitários e outros locais de tratamento ou descarte de resíduos pode levar à contaminação do solo, águas subterrâneas e outros corpos d’água próximos.

Para mitigar os riscos ao meio ambiente e à saúde das comunidades locais, as empresas devem efetivamente conter e gerenciar lixiviados, bem como resíduos perigosos. As empresas que não conseguem administrar esses riscos provavelmente receberão penalidades regulatórias, perderão o valor da marca, piorarão as perspectivas futuras de negócios e enfrentarão processos judiciais. Além disso, poderão arcar com custos de gestão e/ou remediação de passivos.

Indicadores importantes a serem acompanhados são relacionados à geração e gestão dos diversos tipos de resíduos:

(1) Inventário de emissões tóxicas (TRI – Total Toxic Release Inventory); (2) porcentagem liberada na água;

(2) Número de ações corretivas implementadas para emissões em aterros;

(3) Número de casos de não conformidade associados a impactos ambientais.

2) CAPITAL HUMANO

> Relações de trabalho

A organização das funções e relações de trabalho desempenha um papel importante na indústria de gerenciamento de resíduos. Muitos trabalhadores estão cobertos por acordos coletivos que protegem os direitos dos trabalhadores e estabelecem salários. Altas taxas de sindicalização deixam as empresas de gestão de resíduos vulneráveis a paralisações e atrasos devido a greves de trabalhadores, caso as questões trabalhistas não sejam tratadas de forma eficaz.

O gerenciamento adequado e a comunicação sobre questões como remuneração e condições de trabalho podem evitar conflitos com os trabalhadores e greves prolongadas, o que pode retardar ou interromper as operações e criar riscos à reputação.

As empresas de gerenciamento de resíduos precisam de uma perspectiva de longo prazo na gestão de trabalhadores – incluindo seus salários e benefícios – de forma a proteger os direitos dos trabalhadores e aumentar sua produtividade, garantindo a sustentabilidade financeira das operações da empresa.

As métricas para acompanhamento desse tema são:

(1) Porcentagem da força de trabalho ativa coberta por acordos coletivos;

(2) Número de paralizações (greves) e (3) total dias ociosos.

> Saúde e segurança dos funcionários

As perigosas condições de trabalho do setor tornam a segurança uma questão crítica para as operações de gerenciamento de resíduos, e os acidentes podem ter um grande impacto nos trabalhadores. A indústria de Gestão de Resíduos tem taxas de mortalidade mais altas do que a maioria das indústrias. Fatalidades e outras lesões devem-se principalmente a incidentes de transporte, contato com objetos e equipamentos perigosos e exposição a substâncias nocivas. Além disso, trabalhadores temporários podem estar em maior risco devido à falta de treinamento ou experiência no setor.

Resultados e registros ruins em saúde e segurança podem resultar em multas e penalidades e um aumento nos custos de conformidade regulatória devido à necessidade de uma supervisão mais rigorosa. As empresas de gerenciamento de resíduos devem garantir que as instalações e os veículos sejam operados com os mais altos padrões de segurança e que o número de lesões e acidentes seja minimizado por meio de uma forte cultura de segurança.

As empresas que desenvolvem planos proativos de gerenciamento de segurança e requisitos de treinamento para seus funcionários e contratados, incluindo a realização de auditorias regulares, provavelmente melhorarão os registros de segurança e minimizarão a chance de repercussões financeiras relacionadas à segurança.

Indicadores de saúde e segurança minimamente necessários seriam:

– (1) taxa total de acidentes de saúde e segurança registráveis, (2) taxa de fatalidade, (3) taxa de frequência de quase acidentes para (a) empregados diretos e (b) empregados contratados.

– Percentis Básicos do Sistema de Medição de Segurança para: (1) Condução insegura, (2) Horas de serviço para conformidade, (3) Aptidão do Motorista, (4) Controle de Drogas/Álcool, (5) Manutenção de Veículos, e (6) Conformidade de Materiais Perigosos;

– Número de acidentes e incidentes rodoviários.

3) MODELO DE NEGÓCIO & INOVAÇÃO

> Resiliência do modelo de negócios: reciclagem e recuperação de recursos

Reciclagem, reutilização, compostagem e incineração são métodos gerais de evitar a destinação dos resíduos para aterros. O desvio de resíduos de aterros sanitários pode mitigar impactos ambientais causados por este tipo de destinação e reduzir a necessidade de expansão desses aterros. Além disso, as empresas de gerenciamento de resíduos desempenham um papel crítico na economia circular, separando e recuperando materiais reutilizáveis, como papel, vidro, metal, materiais orgânicos e lixo eletrônico.

As pressões de novos regulamentos, a demanda de clientes e os custos crescentes de extração de materiais virgens estão pressionando o movimento em direção a uma economia circular. Como resultado, as empresas de gerenciamento de resíduos estão enfrentando uma diminuição na quantidade de resíduos depositados em aterros e um mercado de reciclagem em expansão.

Abordagens do berço ao berço iniciadas por outras indústrias na economia têm o potencial de falhar se a infraestrutura ou tecnologias de recuperação e reciclagem não existirem. As empresas que fornecem reciclagem e outros serviços de recuperação de recursos serão mais capazes de atender às crescentes mudanças nas necessidades dos consumidores, posicionando-se assim numa tendência de crescimento da receita enquanto desempenham um papel crítico na redução do impacto ambiental da economia em geral.

Neste sentido, as empresas devem gerir e reportar alguns indicadores como:

(1) Quantidade de resíduos incinerados, (2) porcentagem perigosa, (3) porcentagem usada para recuperação de energia.

– Porcentagem de clientes que compram serviços para (1) reciclagem e (2) compostagem, por tipo de cliente.

– Quantidade de material (1) reciclado, (2) compostado, e (3) processado como resíduo para geração de energia

– Quantidade de lixo eletrônico coletado, porcentagem recuperada por meio de reciclagem.

Quer saber mais sobre como mapear estes tópicos e indicadores? Clique aqui (https://www.cingir.com.br/contato/) e entre em contato conosco.

Referências:

– SASB Standards

https://www.sasb.org/standards/materiality-finder/find/?industry[]=IF-WM&lang=en-us

WASTE MANAGEMENT – Sustainability Accounting Standard, de outubro de 2018